segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O que fazer quando a violência e o abuso sexual chegam às portas da minha igreja?


O que fazer quando a violência e o abuso sexual chegam às portas da minha igreja?
Essa é uma pergunta que todo cristão deve fazer. Como lidar? De que forma? Sabemos que o silêncio deve ser rompido a partir da igreja, porque parte de nossa função como corpo de Cristo, é “denunciar a injustiça”. Injustiça essa que, infelizmente, tem feito parte do cotidiano de muitas crianças e mulheres.


Falando sobre violência

Um dos assuntos que como igreja estamos discutindo e quebrando o silêncio, é a questão da violência familiar. A sociedade de modo geral tem se preocupado com a questão e busca alternativas para amenizar este problema. Como igreja não podemos ficar de fora dessa discussão. É nosso dever nos envolver e trabalhar no sentido de prevenção e educação, levando informação para líderes e membros de igrejas locais.


Abuso infantil

Praticar violência contra uma criança é crime. E para isto existe uma legislação específica – O Estatuto da Criança e do Adolescente – que está aí para determinar a punição. No Brasil é caso de polícia.

• Só para se ter uma idéia da gravidade da questão, é bom lembrar que todos os dias mais de 18 mil crianças são espancadas no país, segundo dados da UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância. Segundo a UNICEF, as mais afetadas são meninas entre sete e 14 anos.
• No Brasil, onde existe uma população de quase 67 milhões de crianças de até 14 anos, são registrados por ano 500 mil casos de violência doméstica de diferentes tipos. Em 70% dos casos os agressores são pais biológicos.
A violência contra a criança é crescente, mas nem sempre ocorre na forma de abuso sexual, tema que vem sendo amplamente discutido. Levantamento inédito do Núcleo de Atenção a Criança Vítima de Violência, da Universidade do Rio de Janeiro(UFRJ) mostra, com base de dados coletados de 1996 a Junho deste ano, que:
• 29,1% de meninos e meninas são vítimas de abuso físico.
• A violência sexual aparece em segundo lugar – 28,9%
• 25,7% sofreram negligência
• 16,3% abuso psicológico


Fonte: www.atelierdenoivas.com.br/mundomulher



Importante saber

1. Crianças são vítimas na própria família:
É um tema que merece atenção, porque a violência começa dentro de casa. Não deixe de abordar qual é o perfil do agressor. Estima-se que 300 mil meninas são vítimas de incesto todos os anos e mais um terço delas tenta suicídio.(Lacri-USP)


2. Abuso ocorre em todas as classes:
Não o nível econômico. O abuso acontece em alguma de suas formas. A pobreza é apontada como causa de 16,8% de abuso sexual. Especialistas afirmam que particularmente no caso de abuso na família 80% das ocorrências, a condição social dos indivíduos é em geral ocultada.


3. Medo de denunciar:
Segundo o ECA, médicos, professores, instituições de ensino, devem comunicar as autoridades casos de abuso contra a criança. Além desses profissionais, vizinhos, amigos e familiares devem tomar a mesma iniciativa, acionando o CONSELHO TUTELAR DA SUA CIDADE.


4. Atendimento ás vítimas:
É importante dispor de alguns lugares como fonte de referência e ajuda ás vítimas. Cada cidade tem órgãos governamentais e não governamentais que exercem um trabalho qualificado. Procure conhecer algumas dessas instituições. Um dado alarmante: 100 crianças morrem por dia no Brasil, vítimas de maus tratos – negligência, violência física, abuso sexual e psicológico, segundo pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos da Criança/USP. Dados do Ministério da Saúde revelam que 38% das mortes de pessoas com até 19 anos são causadas por agressões.


5. Prevenção: Qual é o nosso papel? Quebrar o silêncio e de maneira cristã abordar este tema no sentido de ajudar na construção de uma nova geração e uma nova mentalidade.
No dia em que o Brasil souber tratar também os agressores, provavelmente os índices de violência contra a criança irão diminuir.


Violência doméstica

As mulheres são 51% da população mundial, chefiam 33% dos lares. No entanto a cada 15 segundos uma delas é espancada. É o que diz o relatório sobre as situações sociais, econômicas e jurídicas da mulher brasileira. (Fonte: ibid)

No Rio de Janeiro, numa pesquisa da Universidade Federal sobre “violência doméstica”, o tipo mais comum de violência é a sexual (31,6%), seguida de maus tratos físicos (27,7%), negligência (24%) e abuso psicológico (15,8%). Na maioria das vezes, o algoz é o pai ou o padrasto.

Segundo o ISER (Instituto de Estudos Religiosos), as agressões contra mulheres, cometidas pelos seus parceiros, dobraram nos últimos nove anos.

A maioria dos casos é de lesão corporal.
Na maioria dos casos, mulheres entre 19 e 29 anos, agredida pelos próprios parceiros. O que causa tristeza é saber que somente 15% dos homens que agridem mulheres hoje são punidos.
Estes dados devem levar a uma reflexão por parte da igreja e seus líderes. Um outro caminho é estar consciente de que o problema acontece em famílias de nossas igrejas. Ignorar ou achar que o problema não existe é adotar uma postura de omissão.


O que podemos fazer?



1. O primeiro caminho é, sem dúvida, de caráter educativo. É esta educação que a igreja em todo o mudo está trabalhando para ser uma realidade dentro do Dia da Ênfase Contra o Abuso através de materiais específicos. Esta educação pode ser através de palestras, filmes que abordam a questão, debate, sermão, seminários. Os pastores podem pregar mais sobre o assunto. Precisamos frisar a idéia de que Deus não nos criou para sermos maltratados.


2. Devemos educar nossas crianças a se defenderem.
Não confundir disciplina com abuso físico. É bom dar uma perspectiva bíblica sobre disciplina e educação de filhos.


3. Prover mecanismos de apoio às vítimas.
Precisamos dizer que elas não estão sozinhas. É importante criar na igreja uma atmosfera de confiança e segurança: um refúgio seguro.


4. Desenvolver programas de apoio às vítimas.
Famílias podem ser cadastradas como fonte de ajuda a estas vítimas.


5. Aconselhamento pastoral às vítimas.
As igrejas podem pensar numa capacitação contínua dos seus líderes neste sentido ou criar um departamento de aconselhamento cristão que muito pode contribuir para a cura emocional dessas pessoas.


O assunto é difícil, mas, é preciso romper o silêncio, acima de tudo com uma proposta bíblica onde o amor, compreensão, apoio, ajuda e confrontação sejam elevados de forma clara e relevante.

Se como igreja queremos fazer a diferença temos que encarar esta realidade. Muitas vezes cultivamos uma visão romântica da família, como se esses problemas não acontecem. A realidade familiar, às vezes é cruel e dolorida.
São para esses e outros tipos de problemas familiares que devemos ser mensageiros da graça de Cristo.

Nosso desejo é que as igrejas e instituições se transformem em espaço de reflexão e ação no desenvolvimento de programas que apóiam a luta contra a violência e o abuso sexual, uma das mais importantes e urgentes responsabilidades sociais que temos.

Endereços úteis
• Conselho Tutelar da sua cidade.

• ABRAPIA – Associação Brasileira de Proteção a Infância e Adolescência www.abrapia.org.br
• CECRIA www.cecria.org.br
• CRAMI www.crami.org.br
• Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (cedecatdi@uol.org.br)
• CLAVES – Centro Latino Americano de Estudos Sobre a Violência (021) 290 48 93
• SOS Criança - www.andi.org.br
• Departamento da Criança e do Adolescente do Ministério da Justiça (Olga Câmara)
• (061) 218 32 25 – Brasília
• Fórum DCA (forumdca@brturbo.com)
• Banco de Projetos Sociais
• www.andi.orgbr/banco/index.html
• Delegacia da Defesa da Mulher da cidade.

Violência contra a Mulher

Violência doméstica: uma reação não cristã


A violência doméstica é um padrão de comportamento violento e coercivo exercido por um adulto contra outra pessoa com quem mantém íntimo relacionamento. Pode consistir em espancamentos repetidos e severos ou em formas de abuso mais sutis, incluindo ameaças e controle.

As estatísticas refletem que 95% das vítimas de violência doméstica são mulheres, embora os homens também possam ser vítimas. Independentemente de quem seja a vítima, entretanto, a violência dentro da família é um problema grave que precisa ser abordado por comunidades religiosas no mundo inteiro.

Quatro tipos básicos de violência doméstica

A agressão física inclui comportamentos como puxar, empurrar, segurar, bater ou chutar. Pode ocorrer com freqüência ou não, mas em muitos casos tende a aumentar em gravidade e freqüência com o passar do tempo.

A violência sexual ocorre toda vez que um parceiro impõe um ato sexual indesejado ou recusado pelo outro parceiro.

A violência psicológica inclui afastamento de familiares e amigos, dependência financeira forçada, abuso verbal e emocional, ameaças, intimidação e controle sobre lugares aonde o parceiro pode ir e o que pode fazer.

Os ataques contra a propriedade e animais de estimação podem incluir dano ou destruição de objetos domésticos de valor sentimental pertencentes à vítima, atingindo paredes, maltratando ou matando bichos de estimação, e também constituem violência doméstica.

Perfil de mulheres maltratadas e seus agressores



As mulheres espancadas são tão diferentes umas das outras quanto as que não sofrem violência. Vêm de todas as esferas da vida, todas as raças, níveis de escolaridade e religiões. Qualquer pessoa que conviva com um dos padrões de abuso mencionados acima é vítima de violência doméstica.

Assim como ocorre com as mulheres espancadas, os homens que agridem tampouco se encaixam em alguma categoria específica. Eles também vêm de todos os tipos de classe social, raça, religião e ocupação. Podem estar desempregados ou ser profissionais muito bem remunerados. O agressor pode até sustentar muito bem a sua casa, ser um sóbrio e admirado membro da comunidade, e respeitado membro de igreja.

Porque as mulheres permanecem em um relacionamento abusivo

A vítima freqüentemente continua num relacionamento abusivo porque teme que seu agressor se torne mais violento se ela o deixar, assim como ele pode tê-la ameaçado. Muitas temem pela própria vida, e com razão. Podem achar que ele tentará tirar dela os filhos. Podem ter medo de não conseguir, sozinhas, sustentar-se a si e aos filhos. Muitas vezes se sentem constrangidas e envergonhadas de admitir que sofrem violência. Podem permanecer porque necessitam de amor e afeição, e porque temem que ninguém mais as queira.

Talvez, também, tenham procurado ajuda mas foram aconselhadas por bem-intencionados líderes da igreja e amigos a tentar mais um pouco ser uma boa esposa, a orar mais e a ter fé em que as coisas vão melhorar. Ou quem sabe alguém lhes disse que é seu dever cristão continuar com o casamento, por amor aos filhos e sua responsabilidade para com o marido. Essas abordagens as levam tão-somente a concluir que não há esperança de escape para o seu problema.

Muitas precisam de ajuda para entender questões profundas como a compreensão cristã do sofrimento, a submissão mútua no casamento, a diferença entre disciplina e punição, arrependimento que inclua uma mudança no comportamento e a restituição quando for o caso, o perdão como processo e o discernimento que capacitará as pessoas envolvidas a saber se um relacionamento deve ser restaurado ou sua perda lamentada.

As vítimas da violência doméstica precisam entender que o abuso não é culpa sua. Precisam ter a certeza de que não estão sozinhas e que existe auxílio. Necessitam de assistência prática para identificar e acessar os recursos disponíveis. Podem necessitar de proteção e auxílio para processar as questões espirituais que surgem na sua mente.

Os agressores também precisam de ajuda para assumir a responsabilidade pela dor que causam na vida de membros da família que deveriam estar contando com seu amor e apoio. Precisam ser considerados responsáveis por seus atos e incentivados a buscar a necessária intervenção profissional para que se produza uma mudança no comportamento, se é que há esperança de serem restaurados os relacionamentos.

Compreendendo o ciclo do abuso

Em alguns relacionamentos abusivos, repete-se um ciclo que muitas vezes prolonga a tolerância da mulher para com a situação, porque ela acredita que a situação com certeza vai melhorar. O ciclo tem três fases:

Fase I. Durante esta fase de aumento da tensão, a esposa se esforça muito para evitar os comportamentos que ela sabe que vão desgostar o marido. Aprende a paparicar, agradar e condescender. Tenta ler os sinais de uma raiva que cresce, escolhendo maneiras de conduzir-se através de seus contatos diários. O agressor, em tensão crescente, a observa em busca de motivos para culpá-la por sua raiva.

Fase II. Este estágio agudo é dominado pelo incidente do espancamento. Entendendo que sua raiva está fora de controle, ele encontra motivos para culpá-la e ensinar-lhe uma lição. O mínimo incidente provoca sua ação. O reino de terror pode durar horas ou dias. O temor de que qualquer esforço de sua parte para procurar ajuda irá somente aumentar a violência, muitas vezes a impede de confidenciar o fato a alguém.

Fase III. Geralmente se segue um período de bondade, contrição e comportamento amoroso por parte do marido. Freqüentemente ele suplica perdão e faz lacrimosas promessas. Ela deseja muito acreditar que ele mudará. Muitas vezes ela sente que é sua responsabilidade manter a família unida e conceder a ele outra oportunidade de melhorar. Mas quando entende que a bondade dele ou suas promessas constituem uma mudança de atitude e comportamento, ela adota um otimismo fora da realidade.

As mulheres, iludidas pelo ciclo do abuso, precisam entender que a violência doméstica é um comportamento que se aprende. Os agressores viram o abuso exemplificado, com freqüência nas famílias onde foram criados. Também experimentaram pessoalmente o poder e o controle que um comportamento abusivo lhes oferece. Não são meramente vítimas de circunstâncias estressantes, mas decidem exercer poder e controle sobre outros através de um comportamento abusivo, e escolhem seletivamente suas vítimas. Se não houver uma mudança de atitude e comportamento por parte do agressor, o abuso previsivelmente aumentará e os relacionamentos não poderão ser restaurados com segurança.

A intervenção profissional pode pôr um fim a algum incidente futuro de violência doméstica se o agressor estiver disposto a aceitar a responsabilidade por seus atos e procurar tratamento. Mas a violência não desaparece por si. É essencial alguma intervenção. Os objetivos dessa intervenção são proteger a vítima, fazer cessar o abuso, considerar o agressor responsável e auxiliar os envolvidos a ter acesso aos serviços profissionais necessários.

Uma reação apropriada por parte da igreja


A Bíblia indica claramente que a marca distintiva dos seguidores de Cristo é a qualidade de seus relacionamentos humanos. As relações cristãs são caracterizadas pelo amor e a reciprocidade, em lugar do controle tirânico e do mau uso do poder e da autoridade. A metáfora do Novo Testamento para a igreja como a “família da fé” sugere que a igreja deve funcionar como um clã, oferecendo aceitação, compreensão, conforto e auxílio prático para todos, especialmente para aqueles que estão feridos ou sofrem desvantagens.

A Igreja pode fazer muito para cessar a espiral descendente do abuso e da violência dentro das famílias, ajudar as vítimas e os agressores a encontrar auxílio e impedir a continuação da violência nas famílias das gerações futuras. O evangelho conclama a comunidade da fé a:

● Afirmar a dignidade e o valor de cada ser humano e denunciar todas as formas de abuso sexual e emocional e violência doméstica.
● Reconhecer a extensão global do problema e seus efeitos graves e de longo alcance sobre a vida dos envolvidos.
● Considerar os agressores como responsáveis por seus atos e ressaltar as injustiças do abuso, falando em defesa das vítimas.
● Romper o silêncio e criar uma atmosfera onde os segredos possam ser revelados e encontrado auxílio.
● Impedir o ostracismo dentro da família e da comunidade da igreja.
● Procurar auxílio profissional e colaborar com serviços especializados para ouvir e atender os que sofrem abuso e violência doméstica, amando-os e confirmando-os como pessoas de valor.
● Proporcionar um ministério de reconciliação dentro do qual a mudança de atitude e comportamento abra a possibilidade de perdão e um novo começo.
● Assistir famílias de relacionamentos deteriorados, sem esperança de restauração.
● Abordar as questões espirituais que afligem as pessoas maltratadas.
● Buscar compreensão das origens do abuso e da violência doméstica e desenvolver melhores meios de evitar o ciclo repetitivo.
● Fortalecer os membros dessas famílias mediante instrução e oportunidades de enriquecimento que os capacitem a relacionar-se uns com os outros de maneira mais saudável.



Se você é mulher e está vivendo uma situação de violência...

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