quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Como interiorizar fé nos filhos

Imagine a seguinte situação. É madrugada e um bebê com alguns meses de vida começa a choramingar em seu berço. Uma sensação desconfortável de umidade em sua fralda o incomoda e ele, diante do desconforto, começa a chorar mais alto. A mãe, no quarto ao lado, acorda e acende um abajur para se dirigir ao quarto do filho. Já no quarto da criança, também acende uma luz fraquinha para guiar seus movimentos. Com voz baixa e carinhosa começa a acalmar o bebê. Logo o toma no colo, aconchega-o mais junto ao peito com um braço e rapidamente procura o que precisa para trocar sua fralda e higienizá-lo. Todo o tempo continua falando baixinho palavras confortadoras e depois troca sua fralda por outra seca, o limpa traz junto ao seio para alimentá-lo. A seguir, levanta-o mais aos ombros com palavras de encorajamento e dá leves batidas nas costas para que arrote e a amamentação possa continuar.
O bebê reconheceu a voz da mãe quando esta chegou ao quarto. Imediatamente sentiu seu cheiro ao ser aproximado de seu seio e olhou a face da mãe sob a luz tênue. À medida que o leite que sugava o alimentava e aquecia, ele relaxou e se tranquilizou. É nesse contexto de interação, confiança, coragem, amor e segurança que o arcabouço da estrutura da fé está sendo construído. “Todos nós começamos a peregrinação da fé quando bebês”¹, afirma o teólogo cristão James W. Fowler, professor na Emory University. Quando nascemos, somos dotados de potencial inato para nos adaptar a este novo mundo, mas a ativação deste potencial adaptativo depende tanto de nossa maturação global quanto da forma como as pessoas e o ambiente nos fazem entrar em interação. Se não há colo, carinho, comunicação, estímulos suficientes, a capacidade adaptativa pode ser retardada ou não ativada. Somos dependentes dos adultos para sobrevivermos, para atendermos nossas necessidades básicas, adaptarmo-nos ao mundo, desenvolvermos vínculos amorosos, e certamente para estabelecermos as bases da fé. Os adultos significativos de nossa primeira infância são os responsáveis pelas estruturas básicas para o desenvolvimento da fé e das pré-imagens de Deus que se originam nesta fase. Portanto, os pais devem ter consciência que desde os primeiros instantes de interação com seus filhos já estão determinando o padrão de fé que estes virão a desenvolver. “A força da fé que surge neste estágio é o fundo de confiança básica e a experiência relacional de mutualidade com a(s) pessoa(s) que dispensa(m) os cuidados e amor primários”.² Dois atributos básicos dos pais para a construção da imagem de Deus na mente da criança e o padrão de fé que esta desenvolverá são o amor e os limites que promovem a obediência. O amor incondicional e absoluto revelado pelos pais prepara o caminho para a resposta de obediência aos limites que são estabelecidos para o desenvolvimento global e o fortalecimento do caráter da criança. Negligenciar a responsabilidade de estabelecer limites e exigir a obediência, em nome do amor, contribui para um conceito equivocado de Deus e compromete o desenvolvimento saudável da fé. Em contrapartida, estabelecer regras e exigir obediência irrestrita sem a demonstração deste amor perdoador e incondicional também distorce ou dificulta o desenvolvimento da fé e do conhecimento de Deus pelos filhos. A qualidade da interação com os pais na primeira infância é determinante para a fundação das bases de uma fé sólida. A mensageira de Deus afirmou inspirada: “O amor da mãe representa para a criança o amor de Cristo, e os pequenos que confiam em sua mãe e lhe obedecem, estão aprendendo a confiar no Salvador e obedecer-Lhe”.³ Sem dúvida, podemos concluir que esta afirmação também pode ser aplicada ao pai. Que responsabilidade para cada mãe e pai serem representantes do próprio Deus diante de seus filhos! Para que esta grande responsabilidade seja atendida a contento, os pais necessitam obter uma compreensão clara do caráter de Deus, como Ele lida conosco, passar tempo conhecendo a Sua vontade pelo estudo da Palavra e permitir que o Espírito Santo molde-os à semelhança de Cristo para que verdadeiramente seus filhos conheçam a Deus e desenvolvam uma fé genuína desde a mais tenra idade, por preceito e exemplo. ¹ FOWLER James W. Estágios da Fé. Sinodal ² Idem ³ WHITE Ellen G. Desejado de Todas as Nações Thalita Regina Garcia da Silva, mestre em Educação pela UNESP Postagens relacionados: Na medida certa Há famílias que são regidas pela vontade dos filhos, os... Como orar? Algumas pessoas têm muita dificuldade para orar. Outras acham que...

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