sábado, 20 de abril de 2013

Abuso de álcool ocorre mais entre pobres, diz pesquisa

Estadão online, 13.04.2013.



Sete entre cada dez brasileiros que ganham menos de R$ 1 mil por mês bebem de forma abusiva. O consumo, que já era bastante expressivo, aumentou muito nessa parcela da população nos últimos seis anos, segundo o Levantamento Nacional de Álcool, feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“O fenômeno neutraliza benefícios da melhoria de renda e ajuda a perpetuar o ciclo de baixa qualidade de vida”, avalia o coordenador do trabalho, Ronaldo Laranjeira, da Unifesp.
O levantamento mostra que, quanto menor a renda, maior o consumo excessivo de álcool. Na classe E, 71% bebem de forma exagerada; na C o índice é de 60%, na B de 56% e na A de 45%. A lógica se repete quando se analisa o crescimento do consumo excessivo entre os diferentes grupos sociais. Quanto menor a renda, maior o aumento no período avaliado, de 20006 a 2012.
O estudo foi feito com base em dados de 4.607 pessoas com mais de 14 anos, coletados em 149 municípios.
Para homens, é considerado beber de forma abusiva o consumo de ao menos cinco doses de bebida em um período de duas horas. Entre mulheres, a relação é de quatro doses em duas horas. Uma dose equivale a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de pinga.
Segundo Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto Data Popular, especializado em pesquisas de consumo nas classes C e D, a melhora do padrão de vida promove a diversificação de compras de produtos industrializados. E, assim, o álcool vem ganhando espaço. O Data Popular observou dois movimentos que evidenciam a melhoria da renda, que se destacam no Nordeste: “Quem começa a ganhar mais dinheiro na classe C passa a comprar destilados como uísque e vodka, enquanto as classes D e E mudam da pinga para a cerveja”.
Meu comentário: Embora o estudo mostre que o consumo abusivo de álcool seja mais prevalente entre as pessoas de renda menor, o problema das bebidas alcoólicas é uma realidade muito mais ampla que países como o Brasil ainda insistem em não enfrentar.
Concordo que devam haver campanhas de conscientização quanto aos malefícios de drogas como crack (com alto poder de destruição ou destruição mais rápida do ser humano), mas o álcool não é combatido com veemência, o que é um erro estratégico. O álcool é usado habitualmente por adolescentes e jovens brasileiros com efeitos a médio e longo prazo extremamente ruins.
As únicas campanhas estão restritas ao uso do álcool vinculado à prática de dirigir, ou seja, a preocupação maior governamental parece ser a de que as pessoas apenas não dirijam sob efeito de álcool.
Quando leio pesquisas como essas, vejo que a preocupação oficial é muito pequena perto do contexto maior de danos comprovados pelo uso do álcool em maior ou menor quantidade. 
Na própria Bíblia, grande parte dos personagens bíblicos envolvidos com ingestão de álcool são mencionados em circunstâncias desfavoráveis. Foi o caso de Noé, cuja embriaguez desencadeou a maldição de um dos filhos, Ló e sua relação promíscua com as filhas após ficar bêbado, além de um rei de Israel antigo chamado Elá (que bebeu e foi assassinado por um de seus oficiais que tomou seu lugar) e mesmo o déspota babilônico Belsazar que, em meio a uma orgia com embriaguez com milhares, viu o aviso divino de que seu reino seria destruído por outros impérios.
É por essa e outras razões que cristãos fundamentados na Bíblia Sagrada não apoiam o uso de qualquer quantidade de álcool, muito menos por pobres ou jovens e crianças. 
Falta, sim, uma campanha corajosa e contundente que tire as bebidas alcoólicas dos supermercados e das lojas frequentadas por grande parte dos consumidores especialmente os mais novos e que conscientize a população de que há muito mais malefícios do que benefícios em se ingerir álcool. 
Mas a luta é contra grandes corporações que investem milhões de dólares nas próprias ações dos governos e que não têm qualquer receio de que grande parte da população seja consumidora de bebidas alcoólicas. Ganham dinheiro fácil, colocam uma parte em mídia, em eventos sociais e isso lhes garante mais consumidores e o ciclo não acaba.
Enquanto uma conscientização governamental não surgir, cada pessoa precisa ter consciência de que sua família não necessita desse vilão aceito pela sociedade, mas que só prejudica.

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